#11 Aqui Dentro Faz Muito Barulho,
Bruno Nogueira
Aqui Dentro Faz Muito Barulho, de Bruno Nogueira
Há nestas páginas uma lucidez aguda e sem maquilhagem, como uma lâmina afiada, sem a intenção de ferir. Mas corta. Devagar. Não é um livro sobre a pandemia, embora a pandemia lhe tenha dado o silêncio necessário para que o ruído interior se tornasse audível.
É um livro sobre o pânico de estar vivo. O amor quase ridículo pelas nossas pessoas. O que acontece quando a personagem se despede do actor. Não procura ser bonito, mas é genuinamente íntimo. E a intimidade tem sempre uma beleza crua.
É fácil gostar de Bruno Nogueira enquanto humorista. Este livro oferece uma outra perspectiva. Alguém que já se perdeu de si e não tem vergonha de o dizer. Em fragmentos, notas soltas, diálogos com a filha ou silêncios com a mãe. O autor mostra como o amor é muitas vezes onde ainda se consegue respirar.
Bruno Nogueira escreveu como quem manda uma mensagem às três da manhã: sem revisão, sem ponto final, sem grandes certezas. E às vezes é mesmo isso que precisamos, alguém que nos diga que o barulho dentro não é só nosso. Que viver, às vezes, é só continuar sem glamour, sem épico, mas com lucidez e amor que baste.
SINOPSE
Escrever é o acto de pensamento mais justo. Obriga à escolha cuidadosa das palavras, a recuperar o pensamento que estava fixado e a fazê-lo voltar a mexer-se. Muitas vezes faz com que terminemos com o resultado contrário ao que tínhamos como certo antes de escrever a primeira palavra. Escrever crónicas obriga a um pensamento constante sobre o que nos rodeia, mas o que nos rodeia nem sempre é companhia aconselhável, e pensar sobre isso pode aumentar - para o bem e para o mal - o que antes não se via. Quando me convidaram para escrever crónicas semanais na revista Sábado (que sai à quinta, já agora), foi essa a minha dúvida: quais seriam as consequências de escolher mais uma maneira de ver de perto as coisas que me aleijam? Para me contrariar, aceitei. Enquanto escrevia dei por mim muitas vezes a pôr em causa o que pensava antes e a pensar sobre o que isso quereria dizer.
Não cheguei a conclusão nenhuma, mas ao preparar este livro percebi que as coisas dentro da minha cabeça fazem muito barulho. Ordená-las e escrevê-las é ainda o último reduto de sanidade contra esse ruído. Este livro é uma compilação dessas crónicas que escrevi e que agora vieram para aqui viver todas juntas.